terça-feira, 20 de março de 2012

Pastor-celebridade investigado por denúncias de estupro, tortura e ameaça de morte pela Polícia do Rio

O LADO MAU - O pastor Marcos prega: segundo testemunhas, em seu reinado de trevas ele usa a religião para ganhar poder e dinheiro
O LADO MAU O pastor Marcos prega: segundo testemunhas, em seu reinado de trevas ele usa a religião para ganhar poder e dinheiro


Com bom trânsito entre políticos, artistas e ONGs, o pastor Marcos é agora acusado de abuso sexual, tortura de crianças e conivência com a bandidagem que ele diz “curar”, conforme revela reportagem de VEJA desta semana


Na última década, o pastor carioca Marcos Pereira, 55 anos, conquistou respeito em rodas que mesclam políticos, desembargadores, artistas e uma vasta turma egressa de ONGs. Entre os que já o viram em cima de um púlpito gesticulando com um de seus Rolex em punho e desejando “rajadas de glória” à plateia, estão osenador Alvaro Dias (PSDB-PR), a produtora Marlene Mattos e o ex-pagodeiro Waguinho, que, mesmo sem se eleger, alcançou 1,3 milhão de votos na última disputa para o Senado tendo o pastor Marcos como cabo eleitoral. Alçado à condição de religioso-celebridade, Marcos extrapolou, e muito, as fronteiras de sua igreja, a pentecostal Assembleia de Deus dos Últimos Dias, com sede no Rio e filiais no Paraná e no Maranhão. Desde 2004 — depois de pôr fim a uma sangrenta rebelião em um presídio do Rio, a pedido do então secretário de Segurança, Anthony Garotinho —, ele passou a ser visto como o mais habilidoso apaziguador de conflitos liderados pela bandidagem, com um currículo que, segundo o próprio, inclui o resgate de centenas do tráfico. Tem feito esse trabalho no Brasil inteiro e já foi várias vezes aos Estados Unidos, onde quer erguer um templo, para falar da experiência. Pois por trás dessa fachada, ao que tudo indica, se esconde um enredo de atrocidades que não deixa pedra sobre pedra da imagem de bom religioso do pastor.
Em um recém-instaurado inquérito, cujo número é 902-00048/2012 e que está em poder da Delegacia de Combate às Drogas do Rio, ele é acusado de encenações de cura pela féestupro, tortura de crianças e relações criminosas com os marginais aos quais esbravejava promessas de “salvação do demônio”. VEJA teve acesso a trechos da investigação, um conjunto de relatos de gente que diz ter sido vítima ou testemunha da perversidade do pastor. Um de seus homens de confiança durante mais de seis anos, longe da igreja há dois, traz à luz uma história escabrosa, que dá a dimensão de como o pastor se enfronhou no mundo do crime. Essa testemunha sustenta, por exemplo, que Marcos ficou claramente do lado dos bandidos que engendraram a mais sangrenta onda de terror no Rio, em 2006. Depois dos ataques, reuniu seu séquito mais íntimo em uma churrascaria. “Ele queria que os bandidos tivessem até explodido a Ponte Rio-Niterói. O objetivo era aparecer depois como o intermediário salvador”, conta o ex-fiel. A trama piora na voz de outra testemunha, que situa o pastor como braço operacional da selvageria. “Marcos foi ao presídio de bangu 1 e saiu de lá com um recado dos chefões do tráfico para que suas quadrilhas dessem sequência à carnificina”, rememora. Como sabe disso? “O pastor me encarregou de repassar a ordem nas favelas. E foi o que eu fiz.”
A polícia já colheu uma dezena de depoimentos, e muitas das histórias se repetem nos mínimos detalhes. A investigação começou há duas semanas, depois que o coordenador da ONG Afro- Reggae, José Junior, 43 anos, veio a público denunciar que o pastor tinha um plano para matá-lo. A informação vinha de integrantes da própria igreja. “Trata-se de um psicopata”, dispara Junior, que hoje tem a seu lado na ONG um antigo braço direito de Marcos, o pastor Rogério Ribeiro de Menezes, 39 anos. Afastado do templo de Marcos desde 2008, ele fala pela primeira vez sobre os dezessete anos que viveu sob suas asas. Tomou a decisão depois de ter sido ameaçado de morte três vezes — na última, os traficantes de uma favela esfregaram um fuzil contra seu rosto e pronunciaram o nome Marcos.
Seu depoimento ajuda a elucidar o que tanto unia o pastor aos traficantes que ele dizia “curar”, e certamente não era a fé. Não raro, Marcos lhe pedia que escondesse mochilas cheias de dinheiro em sua casa. Contou duas vezes a coleção de notas. “Numa delas, havia 200 000 reais. Na outra, 400 000 reais”, lembra Rogério. Detalhe: traziam resquícios de cocaína e crack. Segundo Rogério, o pastor cobrava até 20 000 reais para pregar nas favelas, o que os traficantes pagavam de bom grado, já que assim mantinham sua base assistencialista. Três deles chegaram a ser presos em propriedades da igreja do pastor, no Rio e no Paraná, mas a polícia nunca comprovou que estavam ali com a conivência do religioso. Todos pagaram uma taxa equivalente a 10% de tudo o que haviam acumulado no crime.
Em seu templo, o fundador é tão reverenciado quanto temido. Até hoje, manteve todos em silêncio à base de benesses e ameaças. Duas mulheres contam como a igreja se tornou um show de horrores no qual lhes cabia o papel de vítimas do pastor. Ambas dizem que foram violentadas sexualmente por ele diversas vezes. À polícia, uma das moças afirma ainda que Marcos obrigava as fiéis de sua preferência a manter relações sexuais com outros homens, em orgias das quais também participava. “Depois, mandava a gente confessar tudo com outro pastor, sem revelar nomes, é claro”, ela conta. Constam ainda do inquérito denúncias de crueldades contra crianças que o pastor mantinha sob sua guarda, em geral abandonadas pelos pais. Uma delas, de 7 anos, teria pago caro por testemunhar, casualmente, as peripécias sexuais do religioso. Ao se dar conta, o pastor agarrou-a pelos cabelos e lançou-lhe a cabeça no vaso sanitário, segundo um dos relatos à polícia.
Ex-garçom, o pastor Marcos é casado e tem dois filhos que já seguem seus passos no mundo da fé. Convertido em 1989, fundou sua igreja dois anos depois e constituiu ali um reinado de trevas. Proíbe refrigerante, rádio, televisão (apesar de ter um telão em seu gabinete) e remédios, já que a igreja se encarrega da cura (aos que pagarem uma taxa extra via boleto bancário, distribuído durante a pregação). Os cultos, que juntam até 15 000 pessoas, são barulhentos e teatrais — literalmente, segundo narra um ex-assessor do pastor, que ajudava a armar o show: “Ele dava dinheiro a viciados para comprarem droga, filmava a turma em degradação e depois levava para a igreja, como se os estivesse salvando”. Na última segunda- feira, um rapaz adentrou a Assembleia de Deus dos Últimos Dias de muletas, que usava desde um acidente que lhe machucara o fêmur. Depois das orações do pastor Marcos, caminhou em frente aos fiéis dizendo-se curado. Findo o culto, subiu na mesma moto que havia conduzido na viagem de ida à igreja e foi embora.
Leslie Leitão -Veja

Fraudes em licitações poderiam ser evitadas com divulgação de dados, diz Abramo

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Muitos casos de fraudes em processos de licitação, envolvendo empresas fornecedoras de produtos e serviços e funcionários públicos, poderiam ser evitados se houvesse levantamentos estatísticos com informações sobre a distribuição dos contratos, as companhias vencedoras e os preços praticados. A avaliação é do diretor executivo da organização não governamental (ONG) Transparência Brasil, Claudio Abramo, que trabalha com o monitoramento do Poder Público por meio da divulgação de análises sobre gastos dos governos, financiamento eleitoral, entre outros.
Para ele, esses dados deveriam ser gerados pelos órgãos públicos que promovem as licitações e disponibilizados em seus sites, para que organizações da sociedade civil e a imprensa pudessem verificar possíveis distorções.
Abramo destacou que os tribunais de Contas e as controladorias estaduais e municipais podem ajudar no processo, mas defendeu que a responsabilidade principal é da administração do órgão que promove a concorrência pública.
“A responsabilidade principal [de encontrar irregularidades nas licitações] é do próprio órgão. E isso não se faz examinando o depois, nem cada licitação individualmente, mas por meio de estudos estatísticos da distribuição dos contratos, dos preços praticados para permitir uma comparação com os preços de mercado, de quem está levando o que e com que periodicidade”, explicou.
Abramo acrescentou que nem mesmo os pregões eletrônicos, realizados pela internet, estão livres dos esquemas de corrupção.
“O pregão eletrônico amplia a possibilidade de empresas de todo o território nacional participarem da concorrência, mas não reduz a vulnerabilidade do processo à corrupção. Os cartéis funcionam também nos pregões eletrônicos”, lamentou.
Segundo o diretor executivo da Transparência Brasil, a administração pública deve ficar atenta, principalmente às contratações por emergência que, em muitos casos, são “fabricadas para fraudar as compras do Estado”.
“É comum haver as emergências planejadas, quando um setor deixa faltar de propósito um produto importante para o funcionamento do órgão público e depois diz que, por emergência, precisa de algo e então a licitação é dispensada”, ressaltou.
Para combater esses desvios, Cláudio Abramo acredita que é preciso melhorar o mecanismo administrativo dos órgãos públicos. “É possível, melhorando a eficiência da administração pública, e isso é responsabilidade dos governos”, acrescentou.
Thais Leitão - Agência Brasil 

América Latina e Caribe devem avançar nos direitos das trabalhadoras domésticas, alerta OIT

 
 
As trabalhadoras domésticas na América do Sul e no Caribe obtiveram várias conquistas nos últimos anos, mas há dificuldades de organização e garantias de segurança durante as atividades, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No relatório intitulado O Trabalho Doméstico na América Latina e no Caribe, os especialistas advertem que na região apenas o Uruguai “oferece as condições necessárias para a negociação coletiva” dos profissionais domésticos.
Os especialistas informam, no relatório, que os trabalhadores que atuam em atividades domésticas são, em geral, mulheres. Por essa razão, a referência é feminina: trabalhadoras domésticas.
No Uruguai, os trabalhadores domésticos se reúnem em duas entidades, que costumam ter força nas negociações – o Sindicato Único de Trabalhadoras Domésticas e a Liga de Amas de Casa. No Brasil, são citados a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas - filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) - e 38 sindicatos.
O documento adverte que “para as trabalhadoras domésticas, é difícil se organizar. Isso se deve principalmente às condições de trabalho bastante particulares, tais como o isolamento em domicílios privados, longas jornadas de trabalho e organização sindical pouco fortalecida”. De acordo com os especialistas, a maioria dos países precisa estabelecer proteção legal para transformar alguns direitos trabalhistas em realidade para as domésticas.
O estudo faz um detalhamento sobre o direito à licença-maternidade na América do Sul e no Caribe. O Brasil é o país que dispõe de licença mais longa – até seis meses e o mesmo período de garantia no emprego. Em alguns países, as trabalhadoras domésticas não têm amparo legal durante o período de amamentação, como Argentina, Equador, Colômbia e Costa Rica.
Há países, como Honduras e Trinidad e Tobago, em que o período de licença maternidade varia de três meses a 13 semanas. E há ainda os países em que o amparo legal às trabalhadoras domésticas ocorre por meio de leis específicas, não da legislação geral. Há situações que a estabilidade após o nascimento do bebê não é mencionada.
Renata Giraldi* - Agência Brasil 

Reportagem de quase 30 minutos da TV Record faz sérias acusações contra o apóstolo Valdemiro Santiago. Assista na íntegra

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Uma reportagem exibida pelo programa Domingo Espetacular, da TV Record, fez denúncias contra o apóstolo Valdemiro Santiago, presidente da Igreja Mundial do Poder de Deus. A reportagem, de quase 30 minutos, foi veiculada dias após o bispo Edir Macedo afirmar que perdoava Santiago, desafeto público do proprietário da TV Record.
Na reportagem, foram apresentados documentos de compra de duas fazendas no Mato Grosso, avaliadas em R$ 49 milhões, pela Igreja Mundial do Poder de Deus, e arrendadas pela empresa W. S. Music Ltda., de propriedade de Valdemiro Santiago e sua esposa, Franciléia.
A reportagem explicou que quando uma propriedade é arrendada, o arrendador é quem a movimenta financeiramente, portanto, o lucro da movimentação das 5 mil cabeças de gado das fazendas, que valem aproximadamente R$ 6,5 milhões, é recebido pelo administrador, o apóstolo Valdemiro Santiago.
O tamanho das propriedades soma 26.134 hectares, uma área equivalente ao tamanho de duas cidades de Jerusalém. Cada hectare representa uma área de 10 mil m². O valor das propriedades e do gado, somados, seria suficiente para comprar 10 coberturas em Nova York, ou 20 Ferraris, segundo a reportagem intitulada “O apóstolo milionário”.
Recentemente, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi preso por invasão de propriedade, enquanto realizava reportagem investigativa sobre a compra das fazendas pela Igreja Mundial. Na reportagem, a TV Record mostrou em cenas aéreas, a sede da fazenda, uma casa com piscinas e campo de futebol iluminado. Foram mostrados também aviões, helicópteros e carros de luxo que, supostamente, seriam de propriedade de Valdemiro.
Foi também apresentado um trecho de um culto da Igreja Mundial em que Valdemiro alega que as propriedades em que ele e sua esposa “descansam de vez em quando” estão em nome da igreja “mas não custaram um centavo para a igreja”, e que eles não costumam “comprar as coisas com dinheiro da igreja e botar (sic) no nome da gente”.
Outras circunstâncias envolvendo a Igreja Mundial e seu apóstolo também foram mencionadas pela reportagem, como por exemplo, as 59 ordens de despejo contra a denominação somente na cidade de São Paulo, por falta de pagamento de aluguel dos templos.
O jornalista Marcelo Rezende, autor da reportagem, afirmou ter tentado entrar em contato com o apóstolo, porém sem sucesso, e que continuará a investigar a Igreja Mundial do Poder de Deus.
Confira no vídeo abaixo a íntegra da reportagem:


noticias.gospelmais.com.br 

A multidão que devora verbas na Casa do Espanto e o espantoso verão de Collor

JÚLIA RODRIGUES
O senador Fernando Collor é um workaholic que não para de trabalhar sequer em dia de folga e, no período de férias, fica ainda mais hiperativo. Essa é a explicação oferecida pelos assessores do representante de Alagoas na Casa do Espanto para a espetacular gastança do verão. Os que conhecem a biografia do ex-presidente não enxergam nada de novo. O que andou fazendo o parlamentar do PTB só comprova que Collor continua o mesmo.
Em janeiro, durante o recesso parlamentar, Collor torrou R$30.850,93 da verba indenizatória em alimentação e combustível. Quatro notas fiscais emitidas pelo Restaurante Kishimoto Ltda ─ ou Boka Loka, como preferem os fregueses assíduos ─ somam R$3.530. Os R$27.320 restantes contemplaram um único posto de combustível. Intrigado com as cifras, o jornalista Lauro Jardim, de VEJA, quis saber o que houve. O senador trabalhou muito em janeiro, informou a assessoria.
A julgar pela bolada, trabalhou muito mais que os 40 senadores que não tocaram na verba indenizatória nos primeiros 30 dias ano. Nem por isso Collor descansou em fevereiro. Esforçou-se mais ainda e subiu a marca de janeiro para R$ 38.843, dos quais R$ 23.471 aumentaram o faturamento do mesmo posto e do mesmo Boka Loka. Calculando-se em R$ 2,70 o valor do litro de gasolina, o senador alagoano consumiu 10.111 litros de combustível, suficientes para 80.888 quilômetros em apenas um mês, ou 2.609 quilômetros por dia. Esse oceano de combustível lhe permitiria fazer 42 viagens de carro entre Maceió e Brasília, ou 10 entre o Oiapoque e o Chuí.
O ritmo extraordinariamente intenso é favorecido (ou dificultado) por 54 assessores. Se respeitasse as normas internas do Senado, o ex-presidente teria direito a 12 funcionários: cinco assessores técnicos, seis secretários parlamentares e um motorista. Ele acha que precisa de muito mais. Só para suprir com talões de vale-refeição essa multidão são necessários R$34.452 por mês, que cairiam para R$ 7.656 se o patrão não atropelasse o limite legal.
São números impressionantes, mas não bastam para superar o recorde estabelecido por Ivo Cassol, do PP de Rondônia: 67 assessores. A performance do ex-presidente Collor e a marca estabelecida pelo ex-governador Cassol se destacam na lista de façanhas arroladas na reportagem publicada pelo Globo nesta segunda-feira. Por exemplo: somados, os 2.505 funcionários comissionados à disposição dos 81 pais-da-pátria devoram R$ 19 milhões por ano apenas no item vale-refeição ─ R$ 11,7 milhões a mais do que seria gasto se o limite de 12 cabeças por senador não fosse uma peça de ficção.
Quase tudo parece ficção na Casa do Espanto. Mas a gastança é real. Financiada, como todas as despesas produzidas pelos três Poderes, por milhões de brasileiros que pagam impostos.

Dilma mostra um pedaço do trem-bala na visita à Ferrovia do Sarney

Durante a visita às obras da Ferrovia Norte-Sul, iniciadas em 1987 e sem prazo para terminar, Dilma Rousseff tripulou no interior de Goiás uma coisa que não é uma locomotiva, não é um limpa-trilho nem é um vagão. Quem viu de perto o estranho veículo acha que é o protótipo do carro-restaurante do trem-bala que o padrinho Lula começou a construir em 2007 e a afilhada inaugurou em 2011, mas por enquanto só circula no Brasil Maravilha registrado em cartório.
Augusto Nunes - Veja  

O guerrilheiro de festim que articulou o mensalão e prospera como facilitador de negócios também virou palestrante

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Parida pelo governador Agnelo Queiroz e sustentada pelas estatais de sempre, a Bienal do Livro de Brasília tem a cara do pai e tanta compostura quanto as madrinhas. É compreensível que o companheiro José Dirceu esteja no elenco de palestrantes do “evento literário” que pretende animar as noites da capital entre 14 e 23 de abril. Segundo a programação de estreia, o chefe da quadrilha do mensalão vai discorrer sobre “O fim das utopias e a ditadura do mercado”.
Dirceu deveria aproveitar o tema para contar a verdadeira história do guerrilheiro de festim que caiu na vida para subir na vida. Como tal surto de sinceridade pode dar cadeia, o palestrante provavelmente dirá que só aceitou suspender por uns tempos a luta pela implantação da ditadura do proletariado depois de submetido a atrozes sessões de tortura por carrascos a serviço da elite golpista. Para sobreviver, conformou-se com o ofício de “consultor”.
É por estar sob o jugo da ditadura do mercado, portanto, que Dirceu anda ganhando um dinheirão como facilitador de negócios tramados por capitalistas selvagens. Tão logo recupere a liberdade, voltará a perseguir o paraíso socialista em tempo integral ─ e empunhando um trabuco, se necessário.
Diga o que disser, o palestrante vai embolsar o cachê de R$ 5 mil. É também por isso que Dirceu sempre quis ser Lula. Para contar mentiras, o chefe ganha 40 vezes mais.
Augusto Nunes -Veja

Decisão do TSE sobre Twitter é ridícula, autoritária e privilegia máquinas partidárias que têm militantes a soldo na Internet

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Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral proibiu ontem pré-candidatos de se manifestar sobre as eleições no Twitter antes de 6 de julho. Trata-se de uma decisão ridícula, autoritária, que abre a janela para o arbítrio e a subjetividade. Mais: vai privilegiar máquinas partidárias fortes, como a… petista, por exemplo!, e pode inundar de ações a Justiça Eleitoral. Votaram contra a proibição os ministros Dias Toffoli, Carmen Lúcia e Gilson Dipp. Ficaram a favor da tese, que me parece obviamente errada, Ricardo Lewandowski (para não variar), Aldir Passarinho, Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiani.
O Twitter, bem argumentou a ministra Carmen Lúcia, é uma “mesa de bar virtual”. E é mesmo. Por que o TSE tem de meter o bedelho em algo assim? Toffoli lembrou que é uma espécie de bate-papo telefônico. Também é verdade. Para Dipp, conversa sobre eleição no Twitter, no máximo, “constitui propaganda eleitoral lícita, doméstica, caseira, entre interessados”. Estão todos certos. Mas prevaleceram o erro e a fúria legiferante do TSE. A piada é que essa decisão ainda decorre de uma ação movida pelo Ministério Público Eleitoral contra Índio da Costa em… 2010! Que bom se tivéssemos uma Justiça Eleitoral mais ágil e menos dada a se meter na comunicação entre os indivíduos!
Se os quatro preclaros que votaram contra não se deram conta, eu lembro. Uma simples pesquisa na Internet informa que o PT decidiu contratar pessoas para “monitorar” as redes sociais, sites e blogs. Trata-se de um grupo profissionalizado, QUE JÁ ESTÁ FAZENDO CAMPANHA, SENHORES! E não tem como ser evitada. O mesmo acontece no Facebook e nas demais páginas do gênero.
Muito bem! Se um pré-candidato recebe um ataque organizado de uma súcia, ele está impedido de reagir? Faz o quê? Recorre à Justiça Eleitoral para pedir direito de resposta? Mas direito de resposta contra quem? O argumento mais ridículo foi mesmo o de Lewandowski. Não seria cerceamento à liberdade de expressão porque as pessoas não-envolvidas em eleições podem se manifestar à vontade. É mesmo? Isso inclui os cabos eleitorais contratados, não é mesmo? Acontece que eles estão “envolvidos” nas eleições.
Ora, no Twitter, “seguir” alguém é um ato de vontade. Se você não gostar do que aparece na sua tela, basta bloquear.  Ninguém precisa da ajuda de Lewandowski para isso. No momento, nós precisamos dele é para outra coisa. Digo já qual é.
Reinaldo Azevedo

O PT piorou o que já era ruim. Ou: Um país com este modelo está pedindo para ser assaltado. E é!

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Comecemos do começo: quem ganha a eleição quer governar. É a regra do jogo! No mundo inteiro, presidentes e primeiros-ministros nomeiam pessoas de sua base política para cargos de confiança. Então o que há de errado com o Brasil? Um monte de coisa. Em primeiro lugar, o número de cargos que são da livre escolha de quem governa: mais de 24 mil só no governo federal — fora as autarquias, estatais, fundos de pensão de empresas públicas etc. Vamos comparar? Nos EUA, há 9 mil — já é um escândalo! No Reino Unido, são 300; na Alemanha, 170. É evidente que esses países têm, portanto, uma primeira barreira — estabelecida pela própria legislação — que dificulta o assalto aos cofres públicos, além, claro!, da rigidez da lei com quem é pego com a boca na botija.
Os petistas, é verdade, herdaram essa legislação de governos passados. Tentaram corrigi-la? Ao contrário: aumentaram o número de cargos de confiança! E ainda lamentaram as privatizações feitas pelo governo FHC. Afinal, imaginem quantos companheiros deixaram de ser empregados nas telefônicas, na Vale, na Embraer, nas empresas elétricas etc.
Assim, até que não se reduza drasticamente esse número de cargos de confiança, dificilmente a administração será realmente profissionalizada, e a política, moralizada. Legendas se grudam a este ou àquele candidato não para ver implementadas as suas teses, a sua visão de mundo, as suas propostas. Querem cargos. O senador Blairo Maggi (PR-MT) foi de uma sinceridade quase angelical e pôs a nu o sistema. Em outras palavras, disse o seguinte: “Temos sete senadores e nenhum ministério; se o governo quer os nossos votos, tem de nos dar a compensação; é assim que o modelo funciona”. E ele estava mentindo?
Já perguntei em outro texto e indago de novo: por que um partido faz tanta questão de ter a diretoria financeira de uma estatal? É evidente que esses milhares de agentes partidários que tomam a administração vão se encarregar, no poder — e lidando com dinheiro público — do fortalecimento dos esquemas que representam. O povo que se dane!. Ministérios, estatais, autarquias etc.  servem aos partidos como fonte de caixa — além, como se sabe, de atrair notórios ladrões.
PartidosEssa ocupação do estado por partidos induz, é evidente, a formação de… partidos! Grupos se organizam, então, para criar legendas porque sabem que isso lhes dará poder de negociação. Existem 29 partidos legalizados no país. Há ainda alguns com registro apenas em TREs. Há nada menos de 32 outros em formação. Sei que vem chiadeira, mas é fato: esse número é evidência de atraso político e sinal de que alguma coisa errada está em curso. As grandes democracias do mundo ou são, na prática, bipartidárias ou contam, no máximo, com uma terceira força. Sim, queridos, se vocês forem pesquisar, encontrarão uma lista imensa de legendas de papel nos EUA — passam de 70! Veem-se bizarrices como o Partido Multiculturalista de Illinois e o Partido da Escolha Pessoal. Mas só dois têm condições de chegar ao poder; na Alemanha, três. Nas democracias organizadas, inexistem essas legendas com força para chantagear o governo em razão do tal “presidencialismo de coalizão”. É bem verdade que Republicanos e Democratas têm, cada um segundo seus marcos, as suas respectivas alas direita e esquerda e o centro. Mas os ministérios — ou secretarias — não são loteados segundo essa lógica.
Então cabe uma pergunta: por que o Brasil conta com tantos partidos — uns 10 — com poder de fogo real para criar dificuldades para Executivo e lhe vender facilidades? Por causa, se quiserem saber, do paternalismo da legislação. Poucos se lembram, mas é fato: uma vez legalizado, o partido já passa a ter acesso a um fundo, que é dinheiro público. Vira cartório! Ganha o direito também ao horário político gratuito, e lá vemos a TV ser invadida por aqueles senhores de cabelo acaju e bigodes mais negros do que as asas da graúna a dizer sandices.
E há o mais perverso dos fatores de desestruturação da vida político-partidária: o horário eleitoral gratuito. Trata-se de uma excrescência autoritária e cara. Nada tem de gratuito porque as emissoras são compensadas. Sob o pretexto de dar uso público a uma concessão também pública (os rádios e as TVs), cria-se o riquíssimo mercado da venda do horário de TV. O PMDB não custa tão caro a cada eleição porque os candidatos estão interessados em seu, sei lá como chamar, aporte ético! Sim, o partido está organizado no país inteiro, tem uma enorme rede de influência e tal, mas o que se busca mesmo são os seus preciosos minutos.
Outro viés da criseIsso tudo torna o ambiente político quase irrespirável. Esses elementos estão na raiz da crise vivida pela presidente Dilma. Neste ponto, alguém poderia perguntar: “Mas não é assim com todo mundo? Por que essa barafunda agora? Já não era assim nos governos Lula e FHC?” Vamos ver.
É claro que FHC distribuiu cargos também — no seu último ano de governo, eram 18.374; a companheirada achou pouco! O PT é tão autoritário, tem tal viés totalitário, que desestabiliza mesmo o sistema de loteamento. Os peemedebistas, do ponto de vista da lógica desse sistema perverso, têm razão de reclamar: os seus “parceiros” estão sempre nos seus calcanhares. Um peemedebista até pode estar no comando de uma pasta, mas o segundo escalão é quase sempre ocupado pela turma da estrela. E há, escrevi ontem a respeito, a incompetência pura e simples. Com Lula, a chance de crispação era menor porque ele tinha o que Dilma não tem: domínio da máquina partidária. Bastava um peemedebista reclamar de alguma inconveniência dos petistas, e o chefão dava um jeito. Dilma manda no PT menos do que eu…
EncerrandoPor isso, é uma bobagem essa história de que a base aliada está rebelada porque Dilma está tentando moralizar o poder. Aliás, em algum lugar, li que Fernando Haddad teria se saído com essa. A ser assim, está dizendo o quê? Lula optava pela imoralidade? O caso é bem outro. O petismo piorou o que já era perverso: um país que tem esse número de cargos de confiança — imaginem se contarmos todos os governos estaduais, todas as prefeituras, estatais e autarquias não-federais… — está pedindo para ser assaltado e estimulando a pistolagem partidária. Na gestão desse modelo, Dilma está perdida porque não conseguiu controlar os “companheiros”, que não aceitam dividir o butim, conforme o  combinado.
Reinaldo Azevedo